sexta-feira, 24 de agosto de 2012

PAPA BENTO XVI RECORDA OS 450 ANOS DA REFORMA CARMELITA POR SANTA TERESA D'ÁVILA



MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI
AO BISPO DE ÁVILA POR OCASIÃO
DA CELEBRAÇÃO DO 450º ANIVERSÁRIO DE FUNDAÇÃO
DO MOSTEIRO CARMELITA DE ÁVILA
E DA REFORMA DA ORDEM CARMELITANA


Ao venerado Irmão D. Jesús García Burillo
Bispo de Ávila

1. Resplendens stella. «Uma estrela de imenso esplendor» (Livro da Vida 32, 11). Com estas palavras, o Senhor animou Santa Teresa de Jesus a fundar em Ávila o mosteiro de São José, início da reforma do Carmelo da qual, no dia 24 do próximo mês de Agosto, serão celebrados os quatrocentos e cinquenta anos. Por ocasião desta feliz circunstância, quero unir-me à alegria da querida Diocese de Ávila, da Ordem dos Carmelitas Descalços, do Povo de Deus que peregrina na Espanha e de todos aqueles que, na Igreja universal, encontraram na espiritualidade teresiana uma luz segura para descobrir que por Cristo chega ao homem a verdadeira renovação da sua vida. Apaixonada pelo Senhor, esta mulher preclara desejava unicamente agradar-lhe em tudo. Com efeito, um santo não é aquele que realiza grandes proezas baseando-se na excelência das suas qualidades humanas, mas aquele que permite com humildade que Cristo penetre na sua alma, que aja através da sua pessoa, que Ele seja o verdadeiro protagonista de todas as suas obras e desejos, que inspire cada iniciativa e sustente cada silêncio.
2. Só quem leva uma intensa vida de oração pode deixar-se conduzir deste modo por Cristo. Ela consiste, segundo as palavras da Santa de Ávila, em «falar de amizade, permanecendo muitas vezes a sós com quem sabemos que nos ama» (Livro da Vida 8, 5). A reforma do Carmelo, cujo aniversário nos enche de júbilo interior, nasce da oração e tende para a oração. Ao promover um retorno radical à Regra primitiva, afastando-se da Regra mitigada, santa Teresa de Jesus queria propiciar uma forma de vida que favorecesse o encontro pessoal com o Senhor, para o qual é necessário «retirar-se em solidão, olhar para dentro de si e não se admirar com um hóspede tão bondoso» (Caminho de perfeição 28, 2). O mosteiro de São José nasce precisamente com a finalidade de que as suas filhas tenham as melhores condições para se encontrar com Deus e estabelecer uma relação profunda e íntima com Ele.
3. Santa Teresa propôs um novo estilo de ser carmelita, num mundo também novo. Aqueles eram «tempos árduos» (Livro da Vida 33, 5). E neles, segundo esta Mestra do espírito, «são necessários amigos fortes de Deus para sustentar os fracos» (Ibid., 15, 5). E insistia com eloquência: «O mundo está a arder; querem voltar a condenar Cristo, querem fazer desabar a Igreja. Não, minhas irmãs, não é hora de falar com Deus sobre assuntos de pouca importância» (Caminho de perfeição 1, 5). Não nos resulta familiar, na conjuntura em que vivemos, uma reflexão tão luminosa e interpeladora, proposta há mais de quatro séculos pela Santa mística?
O fim último da Reforma teresiana e da criação de novos mosteiros, no meio de um mundo com escassos valores espirituais, consistia em tutelar com a oração a obra apostólica; em propor um estilo de vida evangélica que fosse modelo para quantos procuravam um caminho de perfeição, a partir da convicção de que toda a autêntica reforma pessoal e eclesial passa pelo reproduzir cada vez melhor em nós mesmos a «forma» de Cristo (cf. Gl 4, 19). Não foi outro o compromisso da Santa, nem das suas filhas. E também não foi outro o compromisso dos seus filhos carmelitas, que visavam unicamente «ir mais além em todas as virtudes» (Livro da Vida 31, 18). Neste sentido, Teresa escreve: «Aprecia mais [nosso Senhor] uma alma que, através do nosso esforço e oração, lhe conquistássemos mediante a sua misericórdia, do que todos os serviços que lhe podemos prestar» (Livro das Fundações 1, 7). Diante do esquecimento de Deus, a Santa Doutora anima comunidades orantes, que salvaguardem com o seu fervor quantos proclamam em toda a parte o Nome de Cristo, que supliquem pelas necessidades da Igreja, que levem ao Coração do Salvador o clamor de todos os povos.
4. Também hoje, como no século XVI, e entre rápidas transformações, é preciso que a oração confiante seja a alma do apostolado, para que ressoe com clareza evidente e dinamismo pujante a mensagem redentora de Jesus Cristo. É urgente que a Palavra de vida vibre nas almas de forma harmoniosa, com notas sonoras e atraentes.
Nesta tarefa apaixonante, o exemplo de Teresa de Ávila constitui uma grande ajuda para nós. Podemos afirmar que, no seu tempo, a Santa evangelizou sem tibieza, com ardor jamais apagado, com métodos distantes da inércia e com expressões cheias de luz. Isto conserva todo seu vigor na encruzilhada actual, que sente a urgência de que os baptizados renovem o seu coração através da oração pessoal, centrada também, segundo o ditado da Mística de Ávila, na contemplação da Santíssima Humanidade de Cristo como único caminho para encontrar a glória de Deus (cf. Livro da Vida 22, 1; As Moradas 6, 7). Só assim poderão formar-se famílias autênticas, que descubram no Evangelho o fogo do seu lar; comunidades cristãs vivas e unidas, alicerçadas em Cristo como na sua pedra angular e que tenham sede de uma vida de generoso serviço fraterno. É também desejável que a oração incessante promova a prática prioritária da pastoral vocacional, salientando peculiarmente a beleza da vida consagrada, que é necessário acompanhar devidamente como tesouro que é da Igreja, como torrente de graças, tanto na sua dimensão activa como contemplativa.
A força de Cristo levará igualmente a redobrar as iniciativas para que o povo de Deus recupere o seu vigor da única forma possível: criando espaço dentro de nós para os sentimentos do Senhor Jesus (cf. Fl 2, 5), procurando em todas as circunstâncias uma vivência radical do seu Evangelho. E isto significa, antes de tudo, permitir que o Espírito Santo nos faça amigos do Mestre e nos configure com Ele. Significa também acolher em tudo os seus mandatos e adoptar em nós critérios tais como a humildade na conduta, a renúncia ao supérfluo, não ofender os outros nem comportar-se com simplicidade e mansidão de coração. Assim, quantos nos circundam sentirão a alegria que nasce da nossa adesão ao Senhor, e que nada antepomos ao seu amor, permanecendo sempre dispostos a explicar a razão da nossa esperança (cf. 1 Pd 3, 15) e vivendo, como Teresa de Jesus, em obediência filial à nossa Santa Mãe Igreja.
5. É a esta radicalidade e fidelidade que nos convida hoje esta filha tão ilustre da Diocese de Ávila. Acolhendo a sua bonita herança, nesta hora da história, o Papa exorta todos os membros desta Igreja particular, mas de maneira profunda os jovens, a levar a sério a comum vocação à santidade. Seguindo os passos de Teresa de Jesus, permiti-me dizer a quantos têm o futuro à sua frente: aspirai também vós a ser totalmente de Jesus, só de Jesus e sempre de Jesus. Não tenhais medo de o dizer a nosso Senhor, como ela fez: «Sou vossa, para Vós nasci; o que quereis fazer de mim?» (Poesia 2). E peço-lhe que saibais responder também aos seus chamamentos iluminados pela graça divina, com «firme determinação», para oferecer «o pouquinho» que houver em vós, convictos de que Deus nunca abandona quantos deixam tudo para a sua Glória (cf. Caminho de perfeição 21, 2; 1, 2).
6. Santa Teresa soube honrar com grande devoção a Virgem Santíssima, que ela invocava com o doce nome de Carmen. Sob o seu amparo materno coloco os afãs apostólicos da Igreja em Ávila a fim de que, rejuvenescida pelo Espírito Santo, encontre os caminhos oportunos para proclamar o Evangelho com entusiasmo e coragem. Maria, Estrela da Evangelização, e o seu casto esposo São José intercedam para que aquela «estrela» que o Senhor acendeu no universo, a Igreja, com a reforma teresiana continue a irradiar o grande brilho do amor e da verdade de Cristo a todos os homens. É com estes votos, Venerado Irmão no Episcopado, que lhe envio esta mensagem, a qual peço que faça conhecer à grei confiada aos seus cuidados pastorais, e de maneira muito especial às queridas Carmelitas Descalças do convento de São José, em Ávila, que perpetuam no tempo o espírito da sua Fundadora, e de cuja oração fervorosa pelo Sucessor de Pedro tenho grata confirmação. A elas, a Vossa Excelência e a todos os fiéis de Ávila, concedo com afecto a Bênção Apostólica, penhor de copiosos favores celestiais.
Vaticano, 16 de Julho de 2012.

BENEDICTUS PP. XVI

 
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Pe. Dário Bossi, MCCI é notícia na Itália e no Brasil

Pe. Dário Bossi, missionário comboniano que trabalha na Paróquia São João Batista (Açailândia-MA), Diocese de Imperatriz, foi notícia na Itália no jornal Corriere della Serra. A notícia foi traduzida e publicada no Brasil pelo IHU-OnLine do Instituto Humanitas da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, dos jesuítas do Rio Grande do Sul.


 O PADRE QUE FREIA A FERROVIA

O paralelismo com o episódio bíblico é tão óbvio que o padre Dario Bossi (foto) ouviu-o ser relembrado várias vezes nos últimos tempos: "Desculpe-me, padre, mas agora você não se sente um pouco como Davi depois do confronto com o gigante Golias?". Ele reflete, sopesa as palavras, e depois, com grande humildade, mas também com imensa satisfação, admite: "Sim, mas eu não estive sozinho nessa batalha: foram muitos aqueles que puxaram a funda". E Golias acabou no chão.

A reportagem é de Alessandra Mangiarotti, publicada no jornal Corriere della Sera, 08-08-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O gigante abatido pelo pequeno missionário comboniano que chegou ao Brasil vindo de Varese, na Itália, é o gigante da mineração Vale, ao qual um juiz, Ricardo Macieira, intimou a suspender os trabalhos de ampliação da sua linha de Carajás: 900 quilômetros de ferrovia, das minas de ferro da empresa até o porto de São Luís, atravessando o Estado amazônico do Pará.

"Um projeto de 28 bilhões de dólares que – explica o padre Dario por telefone –, com a abertura de novas minas imensas e a ampliação do porto, havia sido aprovado como uma pequena intervenção que, por isso, pode escapar da avaliação de impacto ambiental e do consenso da população". Para dar uma ideia de como são "pequenas" essas obras, o missionário acrescenta: "Hoje, nessa linha, viajam todos os dias 24 trens de 330 vagões. Amanhã, uma vez duplicada a ferrovia, eles gostariam de transitar um comboio a cada 25 minutos, 58 por dia. E como cada trem, com a sua carga de ferro, poluição e barulho, tem quatro quilômetros de comprimento, e a sua passagem dura cinco minutos, isso significa sequestrar todos os dias um quinto de vida das pessoas que vivem ao longo desses trilhos". Como os 104 mil habitantes de Açailândia, no Maranhão, onde o padre Dario Bossi tem a sua missão.

"E, em particular, as 380 famílias do bairro de Piquiá de Baixo – diz – ameaçado pelos alto-fornos, sem filtros, onde é processado pig iron, o ferro dos porcos, de tão poluente". Ele chegou aqui, "terra do conflitos gerados por uma exploração forte que anula o futuro", há cinco anos, depois de seis anos passados com os jovens de Pádua e outros quatro vividos em São Paulo, ao lado dos jovens em conflito com a lei.

Ele tem 40 anos e partiu ainda muito jovem de Samarate, cidade de 16 mil habitantes do Varesotto, seguindo as pegadas de um frade do lugar que se tornou quase um santo no Brasil. "O padre Daniele, falecido em 1917 entre os leprosos. Era o meu destino vir até aqui". E aqui ele encontrou a batalha dos habitantes dos 27 municípios, 100 comunidades ao todo, que convivem com a ferrovia. "Acima de tudo, nativos quilombolas, descendentes dos escravos africanos, que sofrem mais do que os outros o impacto desse neocolonialismo que saqueia sem dar".

No seu blog, o padre Dario escreveu: "O rio Pindaré desce lenta e amplamente, no inverno, ao lado de vilarejos no profundo interior deste nosso Maranhão. Grupos de famílias se instalaram nas terras às margens do rio: uma pequena reforma agrária que interrompe, com lacunas, as terras de fazendeiros. Perto da margem corre em paralelo um outro fluxo: a ferrovia da Vale, que transporta 300 mil toneladas de minério de ferro por dia para exportação. Esse trem do lucro não se detém, não conhece obstáculos. Subverte, mata, desperta com o seu barulho ensurdecedor e racha as paredes de barro de casas em meio às quais ele passa".

Assim, quando os trabalhos pela duplicação começaram, ele apresentou um recurso juntamente com o Conselho Indigenista Missionário, à sociedade dos direitos humanos do Maranhão e ao Centro de Cultura Afro, com a bênção da Rede Justiça nos Trilhos. O juiz estabeleceu que esses trabalhos deviam ser imediatamente suspensos, porque a licença concedida à Vale pelo Instituto do Meio Ambiente era irregular. E tudo foi suspenso.

Agora, é esperado um novo veredito de segundo grau. E Davi, o missionário que chegou ao Brasil vindo de Varese, já tem no bolso as outras quatro pedras coletadas no rio para se preparar para as próximas batalhas com o gigante de ferro.
 http://www.ihu.unisinos.br/noticias/512276-o-frei-que-freia-a-ferrovia

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

SEMINÁRIO BOM PASTOR



Pe. Ivanildo Oliveira - Reitor do Seminário Bom Pastor

 
Seminaristas 2012

Jorge - 1º ano de Filosofia - Diocese de Carolina

Jerimário - 1º ano de Filosofia - Diocese de Imperatriz

Jhonatan - 1º ano de Filosofia - Diocese de Imperatriz
Maicon - 2º ano de Filosofia - Diocese de Carolina
Donizete - 3º ano de Filosofia - Diocese de Imperatriz
Jafélix - 3º ano de Filosofia - Diocese de Imperatriz
Sandro - 3º ano de Filosofia - Diocese de Imperatriz
Moisés - 3º ano de Filosofia - Diocese de Imperatriz
Luciano - 3º ano de Filosofia - Diocese de Carolina
André - 2º ano de Teologia - Diocese de Imperatriz
Laersio - 4º ano de Teologia - Diocese de Imperatriz

 FOTOS DO RETIRO 2012.2




























  CARTA ABERTA AO POVO DO MARANHÃO

 
Dom Sebastião - Bispo de Viana
Dom Sebastião Duarte - Bispo da Diocese de Viana
As Pastorais Sociais do Regional Nordeste 5 da CNBB (Maranhão) divulgaram um documento, intitulado “Carta Aberta ao Povo do Maranhão – Eleições 2012”, na qual o bispo de Viana (MA) e referencial das Pastorais Sociais no Regional, dom Sebastião Lima Duarte, faz uma reflexão a respeito do atual momento eleitoral, em vista da chegada das eleições municipais, em outubro próximo.
Segundo dom Sebastião, “a corrupção não é de nossos dias somente, assim como os enfrentamentos não são só dos nossos tempos. O profeta Amós já dizia: ‘Porque vendem o justo por prata e o indigente por um par de sandálias’ (Am 2,6) e ainda ‘Ouvi isto, vós que esmagais o indigente e quereis eliminar os pobres da terra, vós que dizeis: ‘Quando passará a lua nova...para comprarmos o fraco com prata e o indigente por um par de sandálias’...” (Am 8,4-6). Também hoje se faz necessário levantar a voz, em praça pública em bom som e na imprensa escrita, falada, televisionada e virtual contra a compra e a venda de voto e o uso da maquina administrativa nos municípios em favor de aliados, inclusive através do uso, e por vezes da coerção, de funcionários públicos para fazerem campanha em favor de candidatos, desequilibrando o embate político. Demos um basta à corrupção eleitoral. Pois voto não tem preço tem consequência. Não sejamos filhos da precisão, mas da promissão do voto consciente e da dignidade da vida, da moralidade pública e do bem comum”, disse o bispo de Viana.
Leia abaixo a íntegra da mensagem das Pastorais Sociais do Regional Nordeste 5:

Regional Nordeste 5 da CNBB – Pastorais Sociais "Carta aberta ao Povo do Maranhão - Eleições 2012"

Caríssimos irmãos e irmãs, saudações em Cristo Jesus Libertador! Dentre as bem-aventuranças o Senhor fez questão de colocar a felicidade, que nos vem pela ‘fome e sede de justiça’, assim como pela ‘promoção da paz’ que atraem sobre todos, saciedade e filiação divina (cf.: Mt 5, 6.9). Tendo em vista o momento político-eleitoral que vivemos, as Pastorais Sociais do Regional Nordeste 5, vem a público trazer uma reflexão que ajude na tomada de consciência da responsabilidade de cidadãos cristãos, com o futuro das administrações e vereanças no Estado do Maranhão.
Não haveremos de estranhar que a nossa fé nos leve a assumir atitudes em defesa do bem comum, da justiça e do direito, mesmo em se tratando de política, pois o Papa Paulo VI já dizia que “a política é uma maneira exigente – se bem que não seja a única - de viver o compromisso cristão, ao serviço dos outros” (Octogesima adveniens, 46). O Papa Bento XVI diz que “A Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política para realizar a sociedade mais justa possível. Não pode nem deve colocar-se no lugar do Estado. Mas também não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça. Deve inserir-se nela pela via da argumentação racional e deve despertar as forças espirituais, sem as quais a justiça, que sempre requer renúncias também, não poderá afirmar-se nem prosperar. (...) Mas toca à Igreja, e profundamente, o empenhar-se pela justiça trabalhando para a abertura da inteligência e da vontade às exigências do bem. (Deus caritas est, 28). Os bispos do Brasil, dizem: “Incentive-se cada vez mais a participação social e política dos cristãos leigos e leigas nos diversos níveis e instituições...” e “como cidadãos cristãos, cabe nos empenharmos na busca de políticas públicas que ofereçam as condições necessárias ao bem-estar de pessoas, famílias e povos” (DGAE, 115 e 116).
A nossa contribuição para que as eleições se caracterizem como uso da liberdade de escolha feito pelo povo, sem manipulações, se deu pela formação da consciência crítica diante da realidade, pelo incentivo às organizações sociais e pela participação efetiva em Conselhos e mecanismos de transparência e controle social. Contudo, um marco importante foi a Lei 9.840/1999, de iniciativa popular, onde o apoio da Igreja foi necessário para sua realização. Diz a referida Lei contra Corrupção Eleitoral: “...constitui captação de sufrágio, vedada por esta lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de 1.000 a 50.000 UFIRs, e cassação do registro ou do diploma...”. A denúncia desses crimes é papel da sociedade organizada ou de cada cidadão ou cidadã, que devem encontrar na promotoria e na justiça eleitoral, a força do cumprimento da Lei, apesar de ser notório no período eleitoral, os movimentos da justiça no que tange à transferência de juízes e promotores de várias comarcas do Maranhão e isso nos inquieta por não sabermos as razões, se por necessidade ou conveniência de forças ocultas.
A corrupção não é de nossos dias somente, assim como os enfrentamentos não são só dos nossos tempos. O profeta Amós já dizia: “Porque vendem o justo por prata e o indigente por um par de sandálias” (Am 2,6) e ainda “Ouvi isto, vós que esmagais o indigente e quereis eliminar os pobres da terra, vós que dizeis: ‘Quando passará a lua nova...para comprarmos o fraco com prata e o indigente por um par de sandálias’...” (Am 8,4-6). Também hoje se faz necessário levantar a voz, em praça pública em bom som e na imprensa escrita, falada, televisionada e virtual contra a compra e a venda de voto e o uso da maquina administrativa nos municípios em favor de aliados, inclusive através do uso, e por vezes da coerção, de funcionários públicos para fazerem campanha em favor de candidatos, desequilibrando o embate político. Demos um basta à corrupção eleitoral. Pois voto não tem preço tem conseqüência. Não sejamos filhos da precisão, mas da promissão do voto consciente e da dignidade da vida, da moralidade pública e do bem comum.
A Lei da Ficha Limpa ou Lei Complementar 135/2010 está ajudando na idoneidade dos candidatos, pois “proíbe que políticos condenados em decisões colegiadas de segunda instância possam se candidatar”, afugentando da gestão pública e do poder de legislar quem cometeu ato de improbidade administrativa. Mas, cabe-nos a responsabilidade de contribuirmos ainda mais com as nossas lutas evitando votar em pessoas que praticam o Trabalho Escravo em suas propriedades, os que se dizem proprietários de grande quantidade de terras e impedem a Reforma Agrária e ainda mais se apropriam das terras dos Nabotes de hoje (cf.: 2Rs 21,1-24), as pessoas apoiadas pelas grandes empresas e empreendimentos voltados para o agronegócio, e grupos políticos que só pensam em si mesmos. Assim como não preferir os que já demonstraram não ter compromissos com os Quilombolas, com a preservação do meio ambiente, com os povos Indígenas, com os pescadores e lavradores, com a educação e ocupação juvenil, com a saúde e a assistência social; bem como saneamento básico, segurança e superação da violência e das drogas.
Para construirmos a sociedade que queremos, a 5ª Semana Social Brasileira que viveremos no ano que vem, já nos dá indicação a partir de seu tema: “Um novo Estado, caminho para uma nova sociedade do bem viver”. É bom que nos demos conta, que as eleições municipais deste ano norteiam as eleições de 2014. Por isso, é muito importante percebermos as alianças, as forças políticas e os políticos que se apresentam como candidatos, e descobrirmos a quem estão ligados e quem os apóiam, quem está no palanque hoje para serem apoiados amanhã, atrelando e assumindo compromissos, fazendo do povo noiva prometida em casamento. Não nos deixemos amarrar pelos que querem se perpetuar no poder de qualquer jeito. Defendamos nossa liberdade de escolha e agucemos nossa capacidade crítica de antever os conchavos para as próximas eleições.
Na construção do Novo Estado é de suma importância passarmos da democracia representativa para a participativa, onde não simplesmente elegemos pessoas e delegamos a elas nosso poder (cracia) de povo (demo), para nos representarem, mas continuemos participando do mandato através de conselhos e da presença ativa nas sessões das Câmaras de Vereadores(as), assim como no planejamento e na execução de ações do Executivo, na linha do controle e da transparência. Deve ser do nosso interesse saber quanto entra na Prefeitura, como é aplicado o dinheiro público e fazer questão de conferir as prestações de contas que deverão ser expostas para controle da população.  O orçamento participativo é uma forma ousada de participação cidadã, onde as pessoas tomam parte nas decisões vinculadas à administração do município, podendo exigir atitudes diante dos problemas em prol do bem comum.
Aos candidatos e partidários, cabos eleitorais, advertimos que não façam deste período eleitoral tempo de rivalidades e de ódio, nem ofendam a dignidade das pessoas, nem abusem dos horários de propaganda, respeitando o silêncio, até mesmo o sono reparador que todos têm direito, mas que os embates sejam a nível de idéias e propostas, que ajudem na compreensão por parte dos eleitores das verdadeiras intenções e compromissos de candidatos. Aos eleitores terminamos dizendo que voto consciente, faz votar diferente e que o sonho coletivo do bem comum, fica cada vez mais perto da gente. O momento político impõe sobre nós grandes responsabilidades sobre o destino de nossos municípios. Portanto, irmãos e irmãs, continuemos no discernimento rumo às eleições e não deleguemos a ninguém nossa capacidade de escolha, nem nos deixemos condicionar por falsas promessas ou por opiniões depreciativas sobre candidatos. Contribuamos com muita consciência, provocando reflexão em grupo, em casa, no ambiente de trabalho, respeitando as opiniões e clareando nosso horizonte de escolha. Boas eleições!
Julho de 2012 – Por ocasião do Curso de Doutrina Social da Igreja – I Etapa

Dom Sebastião Lima Duarte
Bispo de Viana e Referencial das Pastorais Sociais

Fonte: CNBB

domingo, 12 de agosto de 2012


SEMINARISTAS PARTICIPAM DE RETIRO

Seminaristas das Dioceses de Carolina, Coroatá e Imperatriz participaram neste final de semana de retiro semestral organizados pelos formadores, tendo como pregadora a Ir. Beise, da congregação de São José. Ir. Beise é natural da Polônia e já esta a 18 anos no Brasil, é Mestra em Teologia Moral e atualmente professora do curso de Teologia do IESMA (Instituto de Estudos Superiores do Maranhão). A temática central do retiro foi sobre oração pessoal e as suas diversas modalidades. Louvado seja Deus por esta experiência tão profunda e bonita de oração vivida por nós seminaristas durante esses dias.