Carta compromisso da 5ª Semana Social Brasileira
A
assembleia da 5ª Semana Social, promovida pela Conferencia Nacional dos
Bispos do Brasil – CNBB, reunida no Centro Cultural de Brasília-DF, de 2
a 5 de setembro de 2013, analisou a realidade brasileira e global,
escutou os clamores populares e celebrou a caminhada dos movimentos
sociais e das igrejas, na defesa e na promoção da vida.
Este
processo, que acontece há vinte anos, tem contribuído no debate com a
sociedade para proposições de iniciativas para a superação das
desigualdades sociais e regionais.
É um esforço conjunto das
organizações sociais na defesa dos direitos humanos e da natureza como
expressão da solidariedade e da profecia cristã.
É exigência da
fé, amar a Deus e ir ao encontro do outro, sobretudo, dos pobres e
necessitados. Pois “os pobres são os juízes da vida democrática de uma
nação” (Exigências Éticas da Ordem Democrática, nº 72, CNBB, Doc nº 42,
1989).
As manifestações de rua que acontecem no país desde
junho deixam um alerta para a sociedade. Não é mais possível negar os
direitos e a participação dos cidadãos/as invisibilizados/as.
O
modelo desenvolvimentista assumido pelo Estado Brasileiro atual,
baseado em políticas compensatórias, submete a nação às determinações da
mundialização neoliberal em crise, reprimariza a economia, explorando
os bens naturais e humanos para a exportação, transformando-os em
commodities. Este modelo viola o direito dos povos e ameaça a vida do
planeta, impactando as comunidades rurais e urbanas, as classes
trabalhadoras e a população em geral.
A 5ª Semana Social
Brasileira, ao debater sobre o Estado para que e para quem, procurou dar
vez e voz ao conjunto da sociedade, bem como dos povos e comunidades
impactadas pelas políticas do Estado, em sintonia com os clamores das
ruas e suas reivindicações. Estes são novos sujeitos políticos no
processo de construção da sociedade e do Estado do Bem Viver, conviver,
pertencer e ser. Seus fundamentos são a solidariedade, a fraternidade e a
sustentabilidade para garantir vida plena às gerações presentes e
futuras.
Reconhecemos os avanços que a sociedade conquistou nas
últimas décadas, conscientes de que essas vitórias estão ameaçadas pelo
desmonte constitucional. Por isso, comprometemos-nos na refundação de
um Estado de inclusão e de igualdade social. O protagonismo dos
movimentos sociais garantirá um Estado que se fundamente na democracia
direta, participativa e representativa. Acreditamos nos sinais de
esperança presentes na sociedade e nas igrejas que apontam para um novo
Estado e uma nova sociedade.
Para construir o Estado que queremos, assumimos os seguintes compromissos:
1) Defender o trabalho para todos/as. Trabalho digno e não precarizado.
Nenhum direito a menos. Redução da jornada de trabalho para 40 horas
semanais sem redução dos salários como repartição dos abusivos ganhos de
produtividade do capital. Reaparelhamento do aparato fiscalizador do
Ministério do trabalho. Fortalecer a Economia Popular Solidária como uma
política de Estado.
2) Promover a formação para a cidadania,
apoiando a proposta da Coalizão Democrática pela Reforma Política e
Eleições Limpas e da convocação de um plebiscito para uma Assembleia
Nacional Constituinte exclusiva. Participar da campanha saúde +10; 10%
do orçamento da União para a educação e os demais direitos sociais;
contra a privatização dos serviços públicos.
3) Retomar e
fortalecer a metodologia das Assembleias Populares, com a criação de
Tribunais Populares, pela democratização do Judiciário e do acesso à
justiça e a reestruturação do Sistema de Segurança pública, visando à
construção de um Estado defensor dos direitos humanos e ambientais.
4) Apoiar a Reforma Agrária, a agricultura familiar e agroecológica; o
reconhecimento dos territórios dos Povos Originários e Comunidades
Tradicionais: camponeses, indígenas, quilombolas, ribeirinhos,
pescadores artesanais, extrativistas, recicladores, e demais grupos
sociais fragilizados, cujos direitos são garantidos pela Constituição
Federal e que não são cumpridos.
5) Fortalecer a Campanha pela Democratização dos Meios de Comunicação Social e participar de fóruns específicos.
6) Garantir a efetivação dos Conselhos de Juventudes para o controle
social das políticas públicas; assumir a campanha contra o extermínio de
jovens, principalmente pobres e negros; contra a redução da maioridade
penal e a violência às mulheres.
7) Incentivar políticas de
defesa civil, com participação da sociedade, para a prevenção dos
impactos socioambientais dos projetos desenvolvimentistas e a proteção e
garantia de direitos das populações afetadas.
Exigir do Governo Federal a implementação do Marco Regulatório das
Organizações da Sociedade Civil e que haja sua efetiva participação.
9) Incentivar a criação e o fortalecimento dos fóruns populares que
monitoram e propõem políticas urbanas nos bairros, nas regiões
administrativas e nos municípios.
10) Informar e mobilizar a
sociedade sobre a gestão dos recursos públicos, participando de
campanhas pela revisão da distribuição orçamentária da União; por uma
reforma tributaria progressiva e participativa; contra uma política de
endividamento público e de gestão do orçamento social e ambiental
irresponsável. Exigir do governo o fim dos leiloes do petróleo, pela
plena reestatização da Petrobras, bem como a auditoria da dívida
pública, conforme o artigo 26 das Disposições Transitórias da
Constituição Federal.
Dentre estes compromissos, destacamos a urgência pela:
1- Reforma política
2- Demarcação das Terras Indígenas, dos Territórios Tradicionais, dos Quilombolas e Pesqueiros
3- Solicitar ao papa Francisco que convoque um evento internacional sobre a Vida no Planeta
Apoiamos a reforma política que garanta a soberania popular; a Campanha
da Coalizão Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas; a
convocação do Plebiscito Popular para uma Assembleia Nacional
Constituinte exclusiva; a Campanha pela Demarcação dos Territórios
Tradicionais e Pesqueiros.
Concluímos afirmando nosso apoio ao papa Francisco na renovação da Igreja.
Brasília – DF, 5 de setembro de 2013
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