O papa Francisco instituiu na
segunda-feira, 30 de setembro, um “Quirógrafo” ou Conselho de cardeais. O
grupo, composto por oito purpurados, tem a missão de colaborar com o
papa no governo da Igreja e no projeto de reforma da Cúria Romana. Nesta
terça-feira, 1º de outubro, teve início a primeira reunião do Conselho
com a presença do Santo Padre. As sessões de trabalho prosseguirão até
quinta-feira, dia 3.
Sobre a importância dessa reunião, o
diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, explicou
durante entrevista coletiva que o grupo se chamará Conselho e
ressalta-se que é fruto das sugestões apresentadas nas Congregações
Gerais antes do último Conclave. Com o documento que institui o grupo,
estabelece-se formalmente que o Conselho de cardeais ajudará o papa "no
governo da Igreja" e "no estudo de um projeto de revisão da Constituição
apostólica Pastor Bonus, sobre a Cúria Romana".
Pe. Lombardi procurou definir o novo
método de governo querido pelo papa Francisco. "Um instrumento que
enriquece o governo da Igreja com uma nova modalidade de consulta:
portanto, um enriquecimento dos instrumentos já disponíveis ao Santo
Padre para o governo da Igreja mediante a consulta, a ajuda que se pode
ter consultando", explica.
O quirógrafo evidencia que o Conselho
pode ser alterado em seu número de componentes, mas que deve ser
expressão da comunhão episcopal e do auxílio à missão do Sucessor de
Pedro. O porta-voz do Vaticano especificou quais são as duas
palavras-chave para enquadrar essa passagem do quirógrafo. "As
palavras-chave para pensar nesse método de governo que o papa está
configurando creio que sejam o caráter sinodal, a ideia do caminhar
juntos: uma Igreja que caminha junto em seus diversos componentes e o
papa se coloca em caminho com essa Igreja; e o discernimento, que é a
busca da vontade de Deus mediante uma consulta frequente e paciente".
Padre Lombardi afirmou que os oito
cardeais, que nestes dias chegaram a Roma, já se reuniram informalmente
antes do encontro desta terça-feira com o papa. O Conselho de cardeais
preparou-se colhendo sugestões e propostas em suas áreas geográficas.
Também foram enviados ao papa documentos de vários dicastérios e da
Secretaria de Estado. Ao todo, trata-se de cerca de oitenta documentos,
dos quais o secretário do Conselho, dom Marcello Semeraro, preparou um
síntese. Os trabalhos se realizarão na Biblioteca privada do apartamento
papal. Os cardeais estão hospedados na Casa Santa Marta, se reunirão
pela manhã e pela tarde e o papa estará sempre presente, exceto na
quarta-feira pela manhã por causa da audiência geral.
Pe. Lombardi explicou como Francisco
participará das sessões de trabalhos. "O papa prevê fazer uma introdução
muito breve e ouvir. Substancialmente, a presença do papa é uma
presença de escuta desses conselheiros que terão muito a trazer com as
suas considerações, dado que o material é muito abundante", disse.
Respondendo às perguntas dos jornalistas, o porta-voz deixou claro que,
com esse Conselho, o papa Francisco não introduz um governo colegial. "O
papa não está de modo algum condicionado. Para dizer que é um governo
colegial precisaria dizer que o papa 'deve' consultá-lo, 'deve' reuni-lo
sobre determinados temas, 'deve'... Não se trata disso: trata-se de um
Conselho ao qual pode ser pedido que dê o seu parecer", afirma.
Como se trata do primeiro encontro do
papa com os cardeais, o porta-voz informou que não se devem esperar
decisões relevantes. Aliás, especificou, não serão publicados documentos
de trabalho nem está previsto nenhum comunicado final.
Missa
Francisco concelebrou a Missa na manhã
desta terça-feira, na Casa Santa Marta, com os membros do “Conselho de
Cardeais”. Na homilia, o papa se inspirou no Evangelho do dia, em que
Jesus censura os dois Apóstolos que queriam que descesse fogo do céu
sobre os que não queriam acolhê-Lo, para recordar que o cristão não
percorre o “caminho da vingança”.
“Pelo contrário, a estrada do cristão é a
humildade, a mansidão, o espírito de ternura e de bondade como nos
recorda Santa Teresinha do Menino Jesus, que a liturgia celebra hoje. A
força que nos leva a este espírito vem do amor, da caridade, da
consciência de que estamos nas mãos do Pai. Quando sentimos isso, não
precisamos do fogo que desce do Céu”, disse o Santo Padre.
O papa também pediu as orações de todos
pela reunião do conselho de cardeais. “Peçamos ao Senhor que o nosso
trabalho de hoje nos faça mais humildes, mais pacientes, mais confiantes
em Deus, para que, assim, a Igreja possa oferecer um belo testemunho às
pessoas que, vendo o Povo de Deus, vendo a Igreja, sintam a vontade de
“vir conosco!”.
Conselheiros
Os oito cardeais que compõem o conselho
são o italiano Giuseppe Bertello, o chileno Francisco Javier Errazuriz
Ossa, o indiano Oswald Graças, o alemão Reinhard Marx, o congolês
Laurent Monsengwo Pasinya, o estadunidense Sean Patrick O'Malley, o
australiano George Pell e o hondurenho Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga,
que será o coordenador do grupo, auxiliado por dom Marcello Semeraro,
bispo de Albano.
fonte: site CNBB
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